quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

domingo, 22 de agosto de 2010

Quadrinhos e Cosplays na FIG - UNIMESP

Durante a exposição dos alunos da Disciplina de Histórias em Quadrinhos, os cosplays marcaram presença. Acompanhe as explicações dos fãs no video abaixo.

sábado, 7 de agosto de 2010

domingo, 5 de julho de 2009

CRIAÇÃO DE MASCOTE

O desenho abaixo é uma ideia para o jornal Sinal Livre. O desenho aplicado em uma foto interagindo no ambiente


quarta-feira, 22 de abril de 2009

O Beijo nas Histórias em Quadrinhos

1 - INTRODUÇÃO AO TEMA

Este trabalho de pesquisa tem como objetivo mostrar e confrontar similaridades e diferenças, e perceptivos em que estão envolvidos O BEIJO E sua manifestação pictórica nas histórias em quadrinhos (HQ), ressaltando também aspectos fisiológicos, biológicos, sensoriais do beijo, e a percepção que tais imagens podem suscitar nos leitores.


1.1 – Generalidades sobre o tema
O ato de beijar se relaciona com aspectos de manifestações de carinho e amor, em grande parte da cultura humana. Dessa forma, está implícito o prazer em diferentes graus, na maioria das ações de beijos.
Igualmente, o ato da leitura também envolve a possibilidade de prazer, inclusive a leitura imagética das assim chamadas histórias em quadrinhos.
As pessoas que praticam tanto o beijo, como a leitura, habitualmente não tem idéia da importância, das causas, das reações voluntárias e involuntárias, das sensações e tudo o mais que está por trás destes gestos que existem e acontecem em seu ser, tanto gestos voluntários como involuntários.
Associar o beijo e a história em quadrinhos é um prazer duplo.
Ambos são populares, simples e complexos ao mesmo tempo.
Nas histórias em quadrinhos, por serem criações artísticas, as relações humanas transparecem, incluindo as representações do beijo.
O beijo está ligado a um órgão do corpo humano que é a boca; o quadrinho das histórias em quadrinhos está ligado à página.
A boca ligada a cabeça que por sua vez está unida ao corpo; as páginas estão unidas umas as outras formando o corpo da revista.
O beijo e a HQ precisam da participação direta do corpo, usando-o fisicamente, emocionalmente, biologicamente e quimicamente. O que acontece com um, tem similaridade com o outro.
No quadrinho existem elementos como o desenho, texto, onomatopéia, grafismo e a seqüência, transmitindo idéias, e causando emoções, sensações com as quais são tiradas conclusões.
Tanto para beijar como para ler HQ, necessitamos dos sentidos, o nosso sistema nervoso fica em alerta, usamos o tato, a visão, ficamos envolvidos com as emoções, paixões, reações, movimentamos o corpo exterior e interiormente.
Os dois se utilizam do cérebro o qual se divide em três unidades que podem ser entendidas resumidamente aqui:
1) O arquipálio ou cérebro primitivo, responsável pela auto-preservação e agressão é o cérebro dos répteis.
2) O paleopálio ou cérebro intermediário, é o cérebro dos mamíferos onde está o sistema límbico, o centro das emoções.
3) O neopálio ou cérebro superior, cuida das tarefas intelectuais.

O beijo provoca desejos, euforia, envolvimento; a história em quadrinhos também.
As histórias em quadrinhos não transmitem AIDS, o beijo também não

Beijando se estimula o sistema nervoso central e periférico; lendo história em quadrinhos também.
Nos quadrinhos vemos e admiramos o corpo humano; antes e durante o beijo, também.
Para ler história em quadrinhos, abrimos os olhos; para beijar fechamos.
Antes de beijar analisa-se o corpo; os mais variados corpos são analisados nos quadrinhos.
Encontramos os variados tipos e formatos de lábios para beijar; encontramos também os mais variados formatos e tipos de quadrinhos.
A história em quadrinhos é uma comunicação de massa; no beijo a massa se comunica.
A história em quadrinhos você lê e julga; com o beijo pode ser julgado.
Beijo, quadrinhos e você é diversão, ação e emoção pra valer.


2 – UM RESUMO HISTÓRICO

O beijo e a história em quadrinhos existem e são uma realidade na vida das pessoas. Tem função, causam ações e reações, provocam desejos, paixões, intrigas, são partes de um contexto histórico, filosófico, físico, sensorial e intelectual.

2.1 O beijo

O beijo é um dos primeiros passos para o contato físico.
Nos cultos a Vênus, na Ásia menor, era a maneira de demonstrar respeito e prestar homenagem à deusa. Na Europa até o século XVI, beijo nos lábios era usado como cumprimento. Também era comum que os servos beijassem as mãos dos reis em sinal de respeito.
Para beijar, você movimenta 29 músculos, sendo 12 dos lábios e 17 da língua; as batidas do coração sobem de 70 par a 150 vezes por minuto em média, forçando o coração a bombear 1 litro de sangue a mais, pois as células exigem mais oxigênio para trabalhar.
Quando beijamos, todo o nosso organismo entra em ação, o paladar, o olfato, a audição, a visão, estimula o nosso cérebro a produzir o oxytocin, um hormônio que nos dá a sensação de bem estar. Quem beija com sinceridade sofre menos de doenças do aparelho circulatório, do estômago, da vesícula, de dores de cabeça e insônia.
Em um beijo trocamos 9mg de água, 0,7g de albumina, 0,18g de substâncias orgânicas, 0,711mg de gorduras e 0,45mg de sais, repassamos 250 vírus e bactérias diferentes.
Os resíduos de saliva permanecem na boca por 3 dias.
Trocamos 24 mil beijos em média ao longo da vida.
Médicos e psicólogos alemães concluíram que aqueles que beijam faltam menos ao trabalho, sofrem menos acidentes e ganham de 20% a 30% mais e vivem aproximadamente cinco anos a mais.
É o começo, uma prova, uma demonstração, é o meio, é o fim.
Não importa quando, onde, como, sempre acontece. Para entender mais, é só beijar, não importa a língua:
Em inglês – Kiss, italiano – baccio, español – beso, francês – baiser, japonês – Kiss, russo – patselui.
Durante 10 segundos queimamos até 12 calorias quando beijamos.
Os lábios, principais órgãos responsáveis pelo beijo, em homens adultos ficam um pouco mais esticados e finos, nas mulheres mantêm-se carnudos e macios até perto da velhice.
O beijo está presente no mundo dos HQ, aparecendo nas mais variadas situações e significados.

2.2 – A história em quadrinhos+

A HQ é uma forma de comunicação de massa e está presente em quase todos os países. Desperta o interesse de centenas de milhares de pessoas, crianças, jovens, adultos, sociólogos, professores, antropólogos, historiadores, como uma grande manifestação artística, que atingiu maturidade gerando obras primas.
Nem sempre foi assim, pois em épocas passadas elas foram acusadas de estimularem a preguiça intelectual e uma ameaça à literatura tida como séria.
Hoje, recebe mais a aceitação das elites, é aceita por suas características próprias analisada por sua especificidade e impacto na sociedade de consumo.
É usada para a transmissão de conhecimentos específicos, além de entretenimento.
Na união habilidosa das artes plásticas e da literatura, está o potencial expressivo desse veículo, que tem uma linguagem complexa de pensamentos, sons, ações e idéias, dispostas em seqüência lógica.
Simplificando, as HQ comunicam idéias e contam histórias por meio de palavras e figuras.Pesquisando nas HQ, encontramos usos aplicações e tipos de beijos. Ingênuos, eróticos, exóticos, de despedidas, de encontros, forçados, roubados, respeitosos, de agradecimento, de animais, de amor a natureza.

sexta-feira, 21 de março de 2008

HISTÓRIA EM QUADRINHOS - DIÁLOGO COM AS ARTES





















Uma análise da Graphic Novel Demolidor – Amor e guerra – 1986
De Frank Miller (texto) e Bill Sienkiewicz (desenhos)
Denis Basílio de Oliveira



1 - Introdução
Uma das grandes vantagens das histórias em quadrinhos é a sua facilidade de manuseio e acessibilidade
Sua composição básica é o quadrinho, que por sua vez compõe-se de texto e imagem.
As HQ podem ser apresentadas em revistas de bancas, de vários tamanhos, ou então na forma mais sofisticada de álbuns. Há um meio termo: as graphc novels, este último, que será objeto de estudo aqui (graphic novel Demolidor de 1986).
O objetivo deste trabalho de pesquisa é fazer uma analise, comparação e relação das imagens da revista com movimentos artísticos contemporâneos.
O personagem Demolidor estava decadente, sem prestígio, quando a editora Marvel resolveu entregá-lo nas mãos de Frank Miller a criação do texto, (que havia feito antes tanto o texto quanto os desenhos) e a Bill Sienkiewicz os desenhos. O resultado desse encontro foi a Graphic Novel “Demolidor – Amor e Guerra” em que as aventuras do super-herói são abordadas de maneira nada convencional, bem como os desenhos dos quadrinhos, que são nesse momento, o objeto de estudo e análise, dado as suas qualidades técnicas e artísticas.
Analisando as artes de Bill Sienkiewicz, provavelmente encontraremos alguns paralelos com movimentos artísticos importantes da arte contemporânea, bem como artistas renomados, mostrando porque a história em quadrinhos é uma categoria de arte que faz parte do calendário dos museus, (que a legitimou), sendo uma das formas visuais criadas pela humanidade de maior produção em se tratando de quantidade, existente em diversos países. A HQ faz parte da história da humanidade desde o tempo em que os homens se comunicavam utilizando desenhos e elementos gráficos para retratar suas aventuras pela terra. Para alguns já pode ser a primeira história em quadrinhos de que se tem notícia, passando pelos hieróglifos do Egito, até chegar a Revolução Industrial que foi uma alavanca necessária para a popularização e discussão, sem esquecer da invenção dos tipos móveis por Gutenberg em 1450, dando início a uma nova era da civilização.
Ainda existe uma polêmica sobre qual país é o criador das histórias em Quadrinhos e o Brasil, está no meio, para reivindicar a paternidade que, por enquanto, é dos Estados Unidos da América, com o seu personagem “Yellow Kid” criado no ano de 1896.
Para contestar, o Brasil tem um trabalho realizado por Ângelo Agostini chamado “Nhô Quim” produzido em 1869, portanto 27 anos antes e pode ser visto facilmente em bibliotecas ou adquirido em lojas especializadas, pois foi relançado em álbum de luxo, devido a sua importância histórica.
As HQ’s oferecem entretenimento, jogo, fantasia, informam, formam, educam, exercitam a criatividade é um incentivo à leitura, porque é uma mídia impressa como o livro e através do manuseio e do contato constante pode criar o hábito e uma intimidade que pode ser transferida para o livro.
As crianças gostam e lêem quadrinhos; justificativa e motivo para os educadores conhecerem e estudarem esta manifestação literária e artística que influencia, distrai e educa. Mas há HQ estritamente para o público adolescente e adulto também, como é o caso desta graphic novel do demolidor.
Este projeto objetiva também refletir sobre a arte como conhecimento, fruir as formas artísticas e também o fazer artístico. Sua própria estrutura de uma arte seqüencial é um capitulo interessante. As HQ’s unem texto e desenho, focando apenas um quadrinho, que é o principal elemento para compor a HQ. Encontramos em seu interior várias linguagens distintas: o balão, texto, onomatopéias, as linhas representando movimentos, trajetórias, os personagens, a diagramação, as técnicas e os estilos. É um trabalho que pode ser feito individualmente ou em grupo.
Portanto conhecer esta linguagem irá facilitar em muito o ensino e a aprendizagem de jovens do ensino médio que já mantém contato direto com esta arte que faz parte do seu tempo.
Compreender a linguagem das histórias em quadrinhos como apoio ao ensino, visto que os principais conceitos das artes visuais estão embutidos na produção dos quadrinhos, é um material reproduzido e consumido em larga escala, portanto acessível. Os fãs terão mais um material de consulta específico, bem como os admiradores e apreciadores de cultura e arte.
Arte é atitude, mostra formas diferentes do que já foi feito, o artista vai ao encontro com as expectativas, quando o público se acostuma com o seu jeito, com o seu trabalho, ele muda, ele choca, ele radicaliza. Artistas Plásticos também migraram para esta manifestação artística contemporânea, como é o caso de Bill Sienkiewicz que realizou os desenhos da Graphic Novel Demolidor – Amor e Guerra, usando-as como ferramenta narrativa. Nesse trabalho podemos conhecer sua força expressiva.
A HQ é uma forma de comunicação de massa e está presente em quase todos os países. Desperta o interesse de centenas de milhares de pessoas, crianças, jovens, adultos, sociólogos, professores, antropólogos, historiadores, como uma grande manifestação artística, que atingiu maturidade gerando obras primas.
Hoje, recebe atenção de todos, é aceita por suas características próprias, analisada por sua especificidade e impacto na sociedade de consumo. Mas ainda precisa ser melhor estudada e reconhecida, principalmente em seu potencial para o público adulto e seus gêneros literários.
É usada para a transmissão de conhecimentos específicos, além de entretenimento.
Na união habilidosa das artes plásticas e da literatura, está o potencial expressivo desse veículo, que tem uma linguagem complexa de pensamentos, sons, ações e idéias, dispostas em seqüência lógica, comunicam idéias e contam histórias por meio de palavras e figuras.
Este trabalho de pesquisa pretende mostrar que é perfeitamente possível usar as histórias em quadrinhos de forma didática, reconhecê-la como uma importante forma de Arte, e compreender um pouco a história da arte e os seus principais movimentos artísticos contemporâneos.

1.2 – UM BREVE COMENTÁRIO SOBRE HISTÓRIA EM QUADRINHOS
A história em quadrinhos é uma manifestação artística reconhecida como a música, o teatro, o cinema, fotografia e tantas outras, surgida a mais de cem anos, permite que seus autores comuniquem e expressem questões científicas, filosóficas e artísticas, é uma forma de entretenimento e lazer de fácil compreensão e acesso.

2 – BILL SIENKIEWICZ E FRANK MILLER
Bill Sienkiewicz nasceu em 03 de maio de 1958 na cidade de Blakely, Pennsylvania. Foi um dos mais importantes artistas de quadrinhos da década de 80. Formado na Newark School of Fine and Industrial Art, desenha quadrinhos desde 1978. Seus primeiros trabalhos nas grandes editoras foram Moon Knight (Cavaleiro da Lua), Fantastic Four, News Mutants e a adaptação do filme Duna, todos para a Marvel. Seu estilo inicial em Moon Knight e fantastic four era calcado no de Neal Adams, tendo se modificado em new mutants. O primeiro trabalho a ser um laboratório para o que seria o seu traçado tão particular e estilizado foi a revista New Mutants (Novos mutantes) onde fazia também as capas. Talvez por esse requinte visual tenha sido escalado para trabalhar com o roteiro de Frank Miller que ganhou muita fama com o seu Cavaleiro das Trevas na DC comics. Dessa parceria saíram duas revistas luxuosas: Demolidor - Amor e Guerra e Elektra-Assassina.Com o sucesso de Elektra Assassina, Sienkiewicz lançou Stray Toasters, que, infelizmente, não fez o sucesso merecido entre o público. Nos anos seguintes publicou: Moby Dick, Voodoo Child, biografia ilustrada de Jimmy Hendrix, Brought to Light, com Alan Moore, que contava algumas "sujeiras" do governo dos EUA no apoio às ditaduras na América Latina e Big Numbers (este, um projeto abortado no número dois por divergências entre Moore e Sienkiewicz). Seus trabalhos mais recentes foram ilustrações para o site http://www.whatisthematrix.com/, e seu próprio site http://www.sienkiewicz.com/. Bill Sienkiewicz é um mestre da arte expressiva e traços marcantes. Sua impressionante habilidade para desenhar e colorir lhe assegurou um lugar de destaque na história dos quadrinhos. Sienkiewicz já ganhou todos os maiores prêmios da área, inclusive o Eagle, Inkpot, Kirby e o Yellow Kid, além de diversas menções da sociedade dos ilustradores dos Estados Unidos. Entre suas obras vencedoras estão Elektra Assassina, Stray Toasters e Voodoo Child.
Frank Miller (nascido em 1957 em Olney, Maryland) é um escritor e desenhista norte-americano conhecido pelo estilo de filme noir de suas histórias em quadrinhos.
Criado em Montpelier, Vermont, Miller tornou-se desenhista profissional e trabalhou para diversas editoras, incluindo a Gold Key, a DC Comics e a Marvel Comics. Ele passou a chamar atenção depois de uma história de duas edições do "Espetacular Homem-Aranha" pela Marvel, ganhando o posto de desenhista regular nas histórias do Daredevil ("Demolidor") onde logo assumiu também o papel de escritor, salvando o título que seria cancelado. Em colaboração com o colorista Klaus Janson, Miller atraiu um número crescente de fãs, foi aclamado pela crítica e conseguiu o respeito da indústria de quadrinhos. Durante seu trabalho em "Demolidor", Miller criou a ninja assassina Elektra, o personagem com os qual ele é mais associado até hoje. Desde então, sua visão do Demolidor permaneceu como a dominante, se estendendo inclusive à adaptação cinematográfica de 2003, que assimilou diversos elementos das histórias de Miller. "A Queda de Murdock", considerada pelos críticos a melhor história do Demolidor foi escrita por Miller e desenhada por David Mazzuchelli.
Frank também é conhecido por produzir trabalhos na categoria propriedade-do-autor. "Ronin", uma história samurai de ficção científica foi a primeira de inúmeras parcerias com sua esposa Lyn Varley. Miller se reveza entre retomar (e redefinir) ícones bem conhecidos como Batman e o Demolidor e criar obras como "Give Me Liberty" com Dave Gibbons e "Hard Boiled" com Geoff Darrow.
Sin City é um trabalho totalmente solo, uma série de histórias sobre o crime feitas em preto e branco publicadas pela Dark Horse Comics, e Ronin. A colorista Lynn Varley colaborou na maioria de suas obras, incluindo "The Dark Knight Returns" (no Brasil "O Retorno do Cavaleiro das Trevas") e em "300", de 1998, que agora está sendo lançado como um filme, seguindo o que Hollywood fez com Sin City.
O trabalho mais conhecido de Miller, dentro e fora da indústria de quadrinhos, é O Cavaleiro das Trevas um conto sombrio de Batman situado em um futuro próximo. Mostrava Batman como um vigilante violento e de certo modo sem escrúpulos, fugindo do campo cômico da série de TV dos anos 60 estrelada pelo super-herói. A interpretação de Miller dominou o personagem por quase duas décadas, influenciando a versão cinematográfica de Tim Burton em 1989 e graphic novels como "Batman: The Killing Joke (no Brasil "A Piada Mortal") de Alan Moore e "Arkham Asylum" de Grant Morrison.
Miller também escreveu inúmeros roteiros para filmes, os mais notáveis sendo "Robocop 2" e "Robocop 3". Depois deste último, Miller afimou que nunca mais deixaria Hollywood fazer adaptações de suas histórias, decepcionado por praticamente nenhuma de suas idéias chegar nas versões finais dos filmes (embora seu nome fosse proeminentemente destacado nos créditos). Mais tarde Miller trabalharia com a Dark Horse Comics, que é dona dos direitos do personagem Robocop, e fez sua própria versão em quadrinhos de "Robocop 3". A posição de Miller em relação às adaptações cinematográficas mudaram depois que Robert Rodriguez (diretor de El Mariachi) fez um curta-metragem baseado em um dos contos de Sin City sem que seu autor soubesse e depois mostrou-o a ele. Miller ficou tão satisfeito com o resultado que decidiu e aceitou adaptar "Sin City" para o cinema. O filme foi filmado utilizando fielmente a seqüência dos quadrinhos e o clima claro e escuro dos desenhos de Frank Miller.

3 – AMOR E GUERRA
É uma história da Graphic Novel do super herói Demolidor, cujo enredo, discute um momento da vida do personagem Fisk o “Rei do Crime”, vilão todo poderoso, que se encontra impotente diante da paixão que sente pela esposa que se encontra doente, acamada sem perspectiva de melhora. Desesperado contrata um marginal afim de seqüestrar a esposa de um famoso médico, com o objetivo de forçá-lo a curar sua amada. O seqüestrador tem problemas e vão se agravando na medida em que se envolve no caso. O único com chances de resolver o problema é o Super Herói Demolidor.

4 - A HISTÓRIA
A história da Graphic Novel do super-herói Demolidor discute um movimento da vida do personagem Sr. Fisk o “Rei do Crime”, vilão todo poderoso, consegue tudo o que deseja, mas está angustiado diante da enfermidade de sua esposa Vanessa que se encontra acamada em estado vegetativo e seu insucesso com a medicina tradicional o faz lançar mão como tábua de salvação de uma alternativa não ortodoxa. Contrata um famoso médico que reside em Paris para curar Vanessa sua esposa. O médico aceita e viaja com sua esposa Cheryl, mesmo insatisfeita, para a cidade de Nova Yorque, onde ele se encontrava. Paul seu marido a convence comentando que por um dia de trabalho o valor a ser recebido é consideravelmente bom.
Ao se afastar para comprar um hot dog, sua esposa é seqüestrada e ele é conduzido a presença do chefão. Ao chegar Sr. Fisk expõe-lhe o caso e faz-lhe um ultimato: a cura de Vanessa pela vida de Cheryl.
A simples contratação não seria suficiente, queria envolvimento total fazendo-o ter a mesma sensação de perda, caso ele não recuperasse a saúde de Vanessa.
Enquanto isso: o super-herói Demolidor ao passar por um bar é perseguido pelos marginais que lá se encontravam e ao se esconder em um bueiro, arrasta consigo um deles, o Túção, que sob pressão confessa que há intenção de eliminá-lo e que o chefão (Sr. Fisk) seqüestrou a esposa de um famoso médico, apontando possíveis cativeiros.
O Demolidor se incumbe de resgatá-la e vai a procura do esconderijo. Victor o seqüestrador que vigia Cheryl, é um lunático dependente de drogas, enquanto aguarda, Inicia um período de alucinações. Imagina os dois (ele e Cheryl), ele como cavaleiro, vestindo uma armadura, ela sendo sua rainha. Ouve um barulho e percebe a presença de alguém e já sai atirando. É o Demolidor, Victor salta pela janela se ferindo, tentando acertar o Demolidor, nesta perseguição sua munição acaba e ele foge se escondendo, o Demolidor aproveita para libertar Cheryl e a leva até sua residência.
Victor necessitando de mais drogas vai a casa de sua irmã Stacy que é enfermeira e por medo, consegue pílulas para ele. Aproveita para fazer curativos nos ferimentos sofridos quando pulou pela janela e se cortou no vidro. Em seguida procura uma biblioteca porque a leitura o acalma. Ao sair, é atropelado por um táxi, anota a placa com o objetivo de processá-lo. Na procura por um advogado encontra o escritório de Nelson e Murdock, entra e antes de sair com um cartão contendo o endereço, aparece a faxineira que é brutalmente assassinada por ele.
Cheryl está na casa de Murdock (Demolidor) aguardando, pois ele foi libertar também o Dr. Paul Mondat seu marido que está trabalhando para curar Vanessa sob os olhos atentos do Sr. Fisk em sua casa que também funciona como escritório muito bem protegida, e se espanta com os avanços do Dr. Paul que a faz recuperar a lucidez, expondo um desejo que destroça o Rei do Crime quando descobre que Vanessa não o ama. Sente ser esfaqueado ao perceber o que sentia Vanessa ao seu lado em seu mundo.
Alucinado Victor (o seqüestrador) encontra a casa de Murdock e arromba a porta, totalmente fora de si. Cheryl para se proteger atinge-o mortalmente com um gancho que alcança perto da lareira que até na hora da morte delira.
Esperando dificuldades e forte vigilância o Demolidor se esforça para entrar no prédio onde o Dr. Paul Mondat deveria estar, mas lá o aguardavam, o Dr. Paul Mondat, sua esposa (Cheryl) com o tratamento pago e Vanessa com nova identidade para viver na Europa.

5 – ARTE NOS QUADRINHOS
Simbolismo
O enredo da Graphic Novel do super-herói Demolidor se encaixa perfeitamente no movimento artístico denominado Simbolismo. O sentimento que aflige o Rei do Crime, Sr. Fisk (fig. 01), em que ele passa a não acreditar mais na medicina tradicional, visto que os seus esforços para curar Vanessa sua esposa, foram em vão, os médicos não obtiveram sucesso e isto provocou um sentimento de descrédito, passa a não acreditar mais na ciência, a partir do momento em que os médicos reconhecem que não podem fazer nada, pois o problema dela não é orgânico pág. 17 (fig. 02). Parte para o lado místico, o sobrenatural e contrata um famoso médico, que não se utiliza da medicina tradicional, mas das forças sobrenaturais que fazem parte da vida da humanidade.
Sua ambição é grande, além de contratar, quer o envolvimento total e para tal, deseja que o médico sofra como ele a dor da perda de um ente querido, acreditando que só assim, terá o envolvimento verdadeiro, o interesse, a paixão, na tentativa de solucionar o problema. Sem pensar nas conseqüências para atingir o objetivo, rapta a esposa do médico Cheryl e através da chantagem, da ameaça, força-o com intimidação, ou salva Vanessa ou também não verá mais sua esposa Cheryl viva.
Os simbolistas ignoram a opinião pública, assim como faz e age Sr. Fisk, que como demonstra em suas ações não liga para o que a sociedade, ou as pessoas pensam dele. A inspiração temática vem de assuntos como a morte e a doença e, é o que está acontecendo na vida dele, com a doença da esposa e o medo de perdê-la, pois há perigo de morte.
Estes são pensamentos do movimento Simbolista que estão inseridos no enredo da graphic novel do super-herói Demolidor.
O tédio, e a desilusão estão presentes em sua vida neste movimento, pois sente-se só, está desenganado perante o amor que sente, por Vanessa, ao constatar que ela não o deseja, não o quer sua vontade é estar longe (Fig. 03).
No simbolismo há interesse pela exploração das zonas desconhecidas da mente humana e da loucura. No enredo de Frank Miller, este interesse aparece na figura do médico Dr. Paul Mondat, visto nas (páginas 39 e 47, fig. 03, 04) e também no comportamento do personagem Victor (o seqüestrador). Desde o momento em que ele aparece com suas atitudes neuróticas, repetindo o nome do médico (páginas 8 e 9 fig. 05 e 06).
Na concepção simbolista o louco é um ser completamente livre por não obedecer às regras, e, Frank Miller, explora muito bem isso, com o Victor, apresentando todo o seu comportamento pervertido (fig. 07), uma busca do “eu profundo” em que inicia sua viagem alucinante com resultados imprevisíveis (fig. 08 e 09), ultrapassando os níveis de razoabilidade
O enredo toca o universo íntimo de cada um, onde reina o caos e a anarquia e que não é revelado as pessoas comuns, senão por meio de recursos indiretos como o sonho, a alucinação ou a psicanálise (fig.10). Como se observa no personagem Victor (o seqüestrador), completamente alucinado, fantasiando tudo, a todo o momento, situações com Cheryl, esposa do Dr. Paul, inclusive fantasias eróticas que é inspiração do simbolismo (fig. 11).
Observa-se também erotismo entre Vanessa e o Demolidor, na cena em que ele a salva e a conduz a sua residência (fig. 12 e 13).
Os simbolistas têm uma visão pessimista da existência, cuja efemeridade, (duração) é dolorosamente sentida. É uma corrente que diz respeito às atividades perante a vida, assunto tratado e desenvolvido no enredo.
A arte de Bill Sienkiewicz, está carregada de simbolismo tanto quanto a de um outro grande artista pertencente ao simbolismo, Gustav Klimt, é um artista moderno, a beleza de seus quadros se destacam pelos motivos florais, pelas formas ornamentais, um estilo que lembra mosaico ou tapeçaria.
Em “A medicina” (1900-07) (fig. 14), Klimt evidencia a incapacidade da medicina face as forças do destino. Esta obra encomendada pela Universidade de Viena provocou críticas hostilidades, e revoltas por parte dos professores que esperavam a representação do triunfo da luz sobre as trevas e receberam, no seu entendimento, uma tela que ilustra a vitória da obscuridade sobre tudo e sobre todos. Klimt mostrou a doença o declínio físico e a pobreza; a impotência da medicina em curar nossos males.
Em “A esperança” I (1903) (fig. 15), aparecem monstros representando o vício, observado no personagem Victor (o seqüestrador), a doença, a pobreza e a morte, mascaras, caveiras e formas maléficas são vistas nesta obra.
O artista simbolista, utiliza-se de cores e linhas, caracterizando-se como elementos extremamente expressivos que por si só representam idéias, típicas das narrativas das histórias em Quadrinhos.
O rosto que aparece isolado do resto do quadro transporta imagem e personagem na direção dos mistérios do inconsciente e dos labirintos do espírito, transforma anatomia em ornamentação e a ornamentação em anatomia para descrever a personagem na total realidade biológica. É uma constante nos retratos de Klimt; a vestimenta é tão importante como o modelo em si. A ornamentação é abundante na arte de Klimt, justificada também, pela razão de sua companheira (Emilie Flöge), possuir uma boutique de moda em Viena e Klimt desenhar a maioria dos tecidos (fig. 16, 17, 18, 19).
A arte decorativa de Klimt é descrita pelo critico Ludwig Hevesi (NÉRET, Gilles, Klimt, ed. Taschen, 1994). – “O ornamento de Klimt é uma metáfora da matéria original, em mutação perpétua, sem fim, que se desenvolve, enrola, redobra em espirais, serpenteia, enrosca, um turbilhão impetuoso que toma todas as formas, zebrados, cintilantes e língua de serpente vibrantes, entrelaçados de videira, véus brilhantes, fios esticados.
A figura humana é transformada num ornamento assimétrico, interligado com temas decorativos, concebido para o ambiente ao qual está destinado e inserido (fig. 2).
É a mesma beleza das formas ornamentais com temas florais visto nas obras de Klimt (fig. 20).
Apresentei a Graphc Novel na escola e o resultado, relata a seguir:
Na página desenhada por Bill Sienkiewicz (fig. 21) é possível observar essa referência direta com as obras de Klimt. No segundo quadrinho, ocupando toda a horizontalidade da página, e em primeiro plano, vemos uma estampa que pode ser um tapete ou uma cortina, como foi descrito pelos alunos da E. E. Prof. Fábio Fanucchi em Guarulhos, escola na qual leciono a disciplina de artes, ao ser apresentado durante a aula, entre outras descrições feitas, pois usei a HQ para que os mesmos refletissem, analisassem, comentassem, julgassem, já que se tratava de um material familiar e que ali via-se desenho, pintura, diagramação, ordenação, mensagem, enfim arte. Seguindo com os comentários dos alunos, que se encontravam empolgados, alguns achando que a aula ainda não havia começado e também ou talvez por isso se envolviam mais e querendo ver o restante da HQ, continuei mostrando a página e ao verem o terceiro quadrinho, os comentários variaram ainda mais, visto que eu demorava pouco tempo exibindo cada quadrinho, antes de perceberem a figura do Sr. Fisk sentada, comentaram que poderia ser um sofá, ou um vaso, foi mostrando outras páginas, como na fig. 06, primeiro quadrinho, alguns acharam que poderia ser uma cortina, outros sugeriram um colchão ou lençol, os comentários e as explicações iam fluindo, outras páginas foram mostradas como a da fig. 22 juntamente com obras de Klimt fig. 23 e fig. 24. Na página 17 fig. 02, o envolvimento foi total por parte dos alunos, que queriam falar, discutir e as interpretações seguiam, uns achando que era papel de parede, outros vaso, tapete, jardim e por aí afora, até o momento em que mostrei por mais tempo e viram melhor do que se tratava. Continuei mostrando obras de Klimt, como a da fig. 25, 26 e mais páginas da HQ como a da fig. 19 e 21, e os comentários não paravam, - é uma cabeça decepada, penas voando, cabeça presa na parede ou pintada na cortina, e mais obras de Klimt fig. 27.
O enredo de Frank Miller também está ligado ao tema do Simbolismo, basta observar a trama, o que os personagens estão passando e vivenciando na história para se dá conta que são características do movimento simbolista.
O conhecimento técnico, artístico e de história da arte é evidente nas obras de Bill Sienkiewicz, que se apropria com o objetivo de realçar o entendimento a compreensão e o sentimento expressos nas páginas das histórias em quadrinhos.

Expressionismo
O expressionismo foi um movimento que surge com um pequeno grupo de artistas franceses e não alemães na apresentação de um catálogo da 22ª Exposição da primavera, organizada pela Secessão de Berlim em 1911. Tirando Picasso, a maioria dos artistas pertenciam ao grupo de Matisse – Braque, Derain, Friesz, Marquet, van Dangen entre outros. Veio se opor ao impressionismo, como movimento que indicava a mais nova tendência da arte.
Nas páginas em que Victor aparece, observa-se a relação com o movimento artístico Expressionista (fig. 28). Vemos pinceladas marcadas, cores fortes, traços expressivos, formas contorcidas e dramáticas intensas emoções, o desenho não tem a preocupação de representar padrões de beleza tradicionais, mas sim exibir o estado de angústia e de dor que caracterizam o personagem, onde é comum o retrato humano solitário e sofredor. Nestes traços pode-se perceber os estados mentais como o ser humano desesperado, personagem deformado, a sobreposição da figura que rechaça o ângulo reto, o cubo, e a pirâmide e todas as formas artísticas (fig. 29, 30 e 31).
Sobre a origem da palavra “expressionismo”, o termo expressão era muito usado no ateliê do pintor Matisse em Paris e foi difundido pelos artistas jovens alemães que fizeram parte do círculo do artista. Matisse afirmava que: -“ A expressão não constitui um espelhamento da paixão sobre um rosto humano ou traído por um gesto violento, desvinculado de considerações formais, em meus quadros, continua ele, todo o conjunto é expressivo. A composição é a arte de dispor de maneira estilizada, os vários elementos disponíveis ao pintor para a expressão de seus sentimentos”. (BEHR, Schulamith. Movimentos da arte moderna – Expressionismo ed. Cosac & Naify São Paulo, 2001, pág. 07).
George Grosz, foi um artista expressionista que utilizou os temas de guerra, baseados na vida metropolitana, cenas de assassinatos e fantasias eróticas, investidas de um teor de violência e pessimismo com no quadro “Suicídio” de 1916 (fig. 32), lançou uma série de 20 litogravuras, usando como foco cenas de estupro, assassinato e insanidade no meio urbano questionando drasticamente a ordem estabelecida, colocando em seu lugar a loucura e a anarquia, observado também nas obras de Bill Sienkiewicz (fig 10 e 33).
Ernst Ludwig Kirchner que produziu a obra “Auto-retrato como soldado” – 1915 (fig.34), enquanto estava internado em um sanatório psiquiátrico, retratou-se vestindo o uniforme azul e vermelho do regimento de artilharia Mansfield. Há um cigarro em sua boca, enquanto o seu rosto confronta o observador, sua mão esquerda segurando uma paleta, o toco amputado de sua mão direita está levantado para captar a atenção do observador, atrás do artista, a figura de uma modelo nua encostada no cavalete.
No enredo de Frank Miller, encontramos uma alusão do austríaco Sigmund Freud, representado na figura do médico Dr. Paul Mondat (fig.35), bem como os expressionistas.
Com a intenção de captar estados mentais, o artista exibe personagens deformados, como o ser humano desesperado de Bill Sienkiewicz (fig. 36) ou sobre uma ponte como se vê em “O grito” do norueguês Edvard Munch – 1863 / 1944 (fig.37).
O artista expressionista distorce exageradamente as formas e aplica a tinta de maneira subjetiva, intuitiva, espontânea, excessivamente emocional, imagens violentas, horror e ansiedade (fig. 38).
Na Alemanha, durante o período de capitalismo e expansão econômica, por volta de 1892 até 1913 a exclusão do artista moderno do treino acadêmico e dos mecanismos do apoio estatal exigiu o estabelecimento de redes alternativas para alcançar o público.
A formação de grupos comunitários, suas relações com marchands particulares os obrigou a se organizarem e começaram a organizar suas próprias exposições apesar do conflito entre as ambições idealistas dos artistas modernos e suas práticas comerciais, lembrando que, a vanguarda foi e é um conceito regido pelo mercado.
Exemplo do grupo, Brück que promoviam suas exposições, conquistavam espaço no mercado competitivo da arte, recrutando mecenas privados para patrocinar artistas (Schulamith Behr – Expressionismo 2001 pag.18).
Gerge Grosz bolsista na academia de Berlim, antes da primeira guerra, reconhecia os conflitos posto ao artista moderno pela vida na Metrópole e comentou: “hoje, a arte é uma mercadoria que pode ser vendida com uma boa propaganda, como qualquer sabonete, toalha ou vassoura e os artistas tornaram-se um tipo de manufatureiro que deve produzir novos artigos em velocidade cada vez maior para alimentar a eterna rotatividade das vitrinas” (Shulamith Behr – Movimentos da arte moderna pág. 48).
Em 1918 um grupo formado pelos artista: César Klein, Morris Melser, Peschtein, Heinrich Richter – Berlim e Gerge Tappert, conclamaram todos os expressionistas, cubistas e dadaístas a se filiarem, foi publicado um novo programa artístico em dezembro de 1918 em jornais de arquitetura e outros dois jornais socialistas declarando:
“ A arte não deve ser mais o prazer de poucos, mas a felicidade e a vida das massas (Shu. 69).lamith Behr – Movimentos da arte moderna (pág 70).

Futurismo
Movimento, velocidade, vida moderna, violência, é o que aparece na página 12 (fig 39), são características do movimento Futurista que vem romper com a arte do passado. As forças mecânicas ou físicas eram fortes temáticas freqüentes nos primeiros trabalhos.
“Postes de iluminação”, obra de Giacomo Balla de 1909 inspirado nos primeiros postes de iluminação elétrica instalados em Roma, cidade em que morava, em resposta inicial ao manifesto de Morinetti e a outros textos contemporâneos, justapõe intencionalmente os raios violentos descarregados em setas multicolores refletidos pela lâmpada (fig. 40).
Observamos estas características também na arte de Bill Sienkiewicz (fig.39), a visão em plano geral da rua com carros, luzes, postes iluminados, raios, velocidade, movimento, usados com toda força, impacto e representatividade, usados na linguagem das histórias em quadrinhos.
O quadro “Saindo do teatro” 1910 – 11 de Carlo Carrà (fig.41), apresenta um mundo metropolitano noturno irradiado de luz elétrica, no qual as figuras humanas espectrais, parecem dissolver-se numa atmosfera multicolor em que o primeiro plano e o fundo se misturam no plano do quadro. A sensação de anticlímax, ao fim do espetáculo é produzida pelas figuras inclinadas para a frente que se dissolvem na noite. Como em muitas pinturas futuristas que apareceram pouco tempo depois, há uma nítida tendência a subordinar o ser humano às forças do ambiente e a sugerir a borradura dos limites entre os indivíduos separados e as formas inanimadas que os rodeiam. O espaço psicológico se funde com o físico.
Os artistas futuristas não podem ficar insensíveis à vida frenética de nossas grandes cidades e à excitante psicologia da vida noturna.
A cor é aplicada em combinações cada vez mais claras e estridentes, conforme sua declaração de que o amarelo continua brilhando em nossa carne, aquele vermelho abrasa e aquele verde, azul e o violeta dançam nela com encantos indizíveis, em voluptuosa carícia.
O homem e seu meio estão numa relação dinâmica constante, na qual o movimento e a luz destroem a materialidade dos corpos (fig. 42) e o meio pelo qual essa relação há de se expressar é a cor do divisionismo, que deve ser uma complementariedade inata, que nós declaramos ser essencial e necessária.
Gino Severini 1883 – 1966 em seu auto-retrato de 1912 (fig.43), mostra que a técnica cubista se torna o veículo deste novo estilo futurista, que continua comprometido com a iconografia do mundo moderno, de um universo dinamicamente interativo do movimento humano em um ambiente técnico modificado, com o poder das cores fortes e até vulgares, os futuristas viram nas construções luminosas e estáticas do cubismo a possibilidade de dar um rumo novo a seu trabalho, com uma representação verdadeiramente dinâmica de um mundo de movimento e emoção.
A moldura preto e branco, em formato de “vê” do quadro “Ritmo do violinista” 1912 de Giacomo Balla (fig. 44), sugere que a pintura fazia parte desse esquema decorativo. Seu efeito sobre a composição enfatiza o movimento ascendente do instrumento, do arco e das mãos do músico. As linhas finas e meticulosamente pintadas, estendendo os pontos do divisionismo com a intenção de sugerir movimento, evocam uma forma de cronofotografia, tão característico das narrativas gráficas, pois as histórias em quadrinhos exploram bastante o requadro ( quadrinho) como elemento expressivo, bem como as linhas que expressam movimento, velocidade, ação.
Giacomo Balla fez vários experimentos e estudos cromáticos abstratos. Sua intenção, parece ter sido provocar sensações quase espirituais no observador.
Em “Velocidade abstrata o carro passou” (fig. 45), parte de um tríptico, a paisagem simplificada torna-se pano de fundo de uma série de linhas de força tingida do róseo dos vestígios dos gases do escapamento sugerindo a perturbação atmosférica provocada pelo automóvel, agora ausente no painel central.
O manifesto “A pintura dos sons, dos ruídos e dos odores” de Carlo Carrà, publicado na revista florentina de vanguarda Lacerba, em 1913, propunha que: “Os sons, os ruídos e os odores se incorporam na expressão das linhas, volumes e cores, nas estações ferroviárias, nas garagens e em todo o mundo mecânico e desportivo, o som, os ruídos e os odores são predominantemente vermelhos (fig. 46), nos restaurantes e nos bares, prateados, amarelos e azuis, os da mulher são verdes, azuis e violeta. Características fundamentais das narrativas gráficas denominada “onomatopéia” (fig. 47).
Acompanhando o Manifesto dos músicos futuristas de Francesco Balilla Pratella 1910, Luigi Russolo publicou também “A arte dos ruídos” 1913 , e se orgulha do fato de não possuir treinamento musical, afirmando que isso lhe permitia realizar uma grande renovação na música mediante a reação aos ruídos do mundo moderno.
Luigi Russolo inventou máquinas que incluíam: estouradores, crepitadores, zumbidores e arranhadores; percorriam a Itália e países europeus apresentando obras como: O despertar de uma cidade e Encontros de automóveis e aeroplanos.
O movimento futurista englobava a tecnologia moderna, os fenômenos espirituais e paranormais e o conceito de arte integrada a vida.
Antecipando o conceito de Le Corbusier de casa como máquina de morar, Antonio Sant’Elia descreve: “Um re-desenvolvimento fantástico de uma cidade norte-americana como Nova Iorque, na qual a decoração é abolida os arranha-céus dominam e se concebe a vida como uma síntese estonteante das forças verticais com as horizontais (fig. 48): A rua já não se estenderá feito um dormente ao nível do solo, mergulhará muitos andares no subsolo, envolvendo o tráfego metropolitano, e se articulará com a superfície, por meio de passagens metálicas e pavimentos móveis e velozes.
Os artistas futuristas deparavam-se com o problema de representar a velocidade em objetos parados, a solução foi representação em múltiplos movimentos (fig. 49).
A coragem, a audácia, a rebelião, são elementos da poética do futurismo representado nas páginas da HQ, que também fala do amor ao perigo, da temeridade.
Consta do manifesto futurista e parece uma descrição do argumento da graphic novel que mostra o movimento agressivo, o salto mortal, a bofetada, o sopapo e a insônia febril (fig. 50).
Ainda de acordo com o manifesto, ” não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha um caráter agressivo pode ser considerada obra-prima.
A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças inatas, para reduzi-la a prostrar-se perante o homem.
A forte e sã injustiça explodirá, em seus olhos. A arte, de fato, não pode ser senão, violência, crueldade e injustiça. (fig. 51)
O futurismo, movimento estético surgido no início do século XX em oposição às fórmulas tradicionais e acadêmicas, teve no escritor italiano Filippo Tommaso Marinetti – 1876 / 1944, seu fundador e principal teórico. Marinetti nasceu em 22 de dezembro de 1876 em Alexandria, Egito. Estudou em seu país e depois na Itália, Suíça e França, onde viveu muito tempo. Em 20 de fevereiro de 1909 publicou no jornal Le Figaro, de Paris o primeiro manifesto futurista, em que expunha a necessidade de abandonar as velhas fórmulas e criar uma arte livre e anárquica, capaz de expressar o dinamismo e a energia da moderna sociedade industrial.
O escritor Stephen Kern descreveu uma série de mudanças radicais na tecnologia e na cultura que criaram maneiras distintamente novas de pensar e viver o tempo e o espaço: “As invenções Tecnológicas como o telefone, o telégrafo sem fio, os raios X, o cinema, a bicicleta, o automóvel e o avião constituíram o fundamento material dessa reorientação; os desenvolvimentos culturais independentes, tais como o romance de fluxo da consciência, a psicanálise, o cubismo e a teoria da relatividade, moldaram diretamente a consciência. O resultado foi a transformação das dimensões da vida e do pensamento. Os futuristas em particular predispunham-se à luz de tais mudanças.
Sua visão de uma nova Itália baseava-se na experiência material e cognitiva, compartilhada em maior ou menor proporção por todos os seus compatriotas. Decerto não eram os únicos a observar o significado dessas novas condições, porém tratavam-na com um propósito intelectual estético que era único no enfoque e nos meios técnicos.
As máquinas, a força vital do capitalismo, e o impulso sexual violento estavam indissoluvelmente ligados, na imaginação futurista as forças históricas contra as quais eles achavam inútil lutar.
No manifesto de Marinetti: Todas as coisas se movem, tudo corre, tudo está em rápida mudança.
Por força da persistência de uma imagem na vitrina, os objetos se movimentam se multiplicam constantemente; suas formas se alteram como rápidas vibrações em enlouquecidas disparadas. Assim um cavalo a galope não tem quatro patas, e sim vinte, e seus movimentos são triangulares. Para pintar uma figura, não se deve pintá-la, deve-se apresentar o conjunto da atmosfera que o cerca.
Os pintores nos mostravam os objetos e as pessoas colocadas diante de nós. Nós daqui em diante poremos o observador no centro do quadro.
O sofrimento humano oferece o mesmo interesse que o de uma lâmpada elétrica que, com estremecimentos espasmódicos, grita as mais comoventes expressões de cor.
Alguns movimentos artísticos tiveram curta duração, cada um travou suas batalhas, encontrou resistência, lutou pela sobreviver para ser reconhecido, bem como a História em Quadrinhos que também brigou, procurou espaço, foi combatida, rejeitada, discriminada; por suas qualidades, força, penetração e importância para a sociedade, se firmou, conquistou espaço; está cada vez mais viva, atuante e se modernizando de acordo com os avanços da tecnologia, é uma das manifestações mais reproduzidas no mundo, acessível, principalmente para o público jovem que se transforma junto e carece de material de qualidade, que fala a sua língua, por mais que o tempo passa está sempre atual.
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apreciando de maneira prazerosa, lendo, observando as imagens sem esforço, é possível usar a Graphic Novel Demolidor – Amor e Guerra de Frank Miller e Bill Sienkiewicz, na sala de aula demonstrando, comparando, refletindo e analisando as imagens (desenhos) com estes movimentos artísticos contemporâneos, bem como o que cada um transmite na sua essência usando criativamente já que a revista é acessível aos jovens do ensino médio que aceitam sem nenhuma rejeição e a partir desta proposta repassar os conhecimentos destes movimentos: simbolista, expressionista e futurista.
É evidente que não é qualquer revista que se pode usar didaticamente, assim como existem literaturas, filmes, músicas que não possuem qualidade existem também revistas de histórias em quadrinhos ruins (nesse caso, podem ser usadas para desenvolver o senso crítico).
Cabe ao especialista (professor) selecionar o material mais adequado as suas necessidades. Uma escolha bem feita trará excelentes resultados tanto para os alunos como para o professor, pois assim ocorrendo, o processo se desenvolve em perfeita harmonia, entendimento e satisfação, se completando, pois as HQ’s fazem parte diretamente das Artes Visuais.
O contato direto com materiais contemporâneos, que o aluno pode encontrar perto de sua casa, não só em museus, galerias ou livrarias, mas e acima de tudo em um jornaleiro vizinho a residência, torna a arte de aprender mais prazerosa, significativa, atraente e a assimilação fica mais fácil. Cada revista de HQ pode conter mais de um exemplo de movimento artístico, isso dependerá do critério de escolha, e o professor pode ainda trabalhar temas transversais ou ações interdisciplinares, proporcionando o entendimento da arte com as produções artísticas e estéticas de seu tempo.
A produção das Histórias em Quadrinhos ou Arte Seqüencial requer conhecimento, estudo, técnica, visão, capacidade criativa e expressiva, conhecimento das várias linguagens, da tecnologia disponível, cultura geral e muita sensibilidade, encontrando sempre maneiras diferentes de também fazer aquilo que outros já fizeram.
É através do estilo pessoal que o artista se diferencia, levando em consideração o estilo da escola, o estilo do país e do ambiente vivido.
A História em Quadrinhos se firmou é reconhecida, são produzidas cada vez mais obras-primas e dado o devido reconhecimento aos artistas. A autoridade maior do reconhecimento de uma obra de arte é o Museu, e este já legitimou. Surgiram movimentos artísticos na cola das Histórias em Quadrinhos, se apropriando das imagens e das técnicas é o caso da Pop Art.



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BAGNARIOL, Peiro; BARROSO, Fabiano; VIANA, Maria Luiza; PORTELLA, Pedro. Guia ilustrado de graffiti e quadrinhos. Belo Horizonte, ed. Fapi. 2004.
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